quinta-feira, 14 de abril de 2011

Os dois defeitos de FHC: povo e nação


Por Luiz Nassif


Para quem se pretende líder político ou referência de país, FHC tem dois problemas básicos: não gosta nem de povo nem do país.


Não se trata de mera afirmação retórica.


Uma das características marcantes dos grandes Estadistas é a de identificar o interesse nacional no seu discurso, passar essa impressão ao grande público, seja defendendo teses neoliberais ou bandeiras sociais.


Em relação a povo e Nação FHC é de uma insensibilidade que não vi em nenhum outro governante brasileiro. Acompanhei seu início, a volta do exílio, a ansiedade em ser aceito pela elite econômica paulista. Não perdeu esse vezo nem depois de se transformar no porta-voz exclusivo do empresariado mais superficial.


Os militares não demonstravam nenhuma sensibilidade social, mas defendiam bandeiras de país. A muitos populistas faltavam projetos de país, mas empunhavam bandeiras sociais.


FHC FHC é a geleira, o frígido para temas nacionais e sociais. E é um tolo ao levantar discussões públicas dessa maneira, nas quais prevalece apenas o sentimento de tomada de poder: o que devemos fazer com o povo para reconquistar o poder. Caraca! Esse tipo de elucubração se faz a portas fechadas, em locais reservados, onde pode prevalecer o discurso da realpolitik, as estratégias de tomadas de poder, os acertos com grupos influentes.


No discurso público o que vale é a retórica do interesse público – mesmo que ele próprio não acredite nisso. O que vale é o lema que conquiste públicos amplos, o discurso da salvação nacional, da construção do futuro, as palavras de ordem que são facilmente assimiladas pelos discursos do governador, do prefeito, do vereador, homogeneizando a fala e ajudando a construir na prática o caminho político.


Mas FHC é pretensioso demais, vaidoso demais para entender essas nuances do discurso público, no qual o simples é o sofisticado, superficial demais para prever o futuro e prolixo demais para sintetizar as bandeiras.


Prefere assimilar ideias de terceiros, revesti-las com um linguajar sociológico oco e ocupar páginas de jornais que se desacostumaram com discussões mais aprofundadas. Jornais, aliás, que ajudaram a consolidar essa visão insuportavelmente elitista que matou todas as bandeiras sociais do velho PSDB.


Não é à toa que os políticos do PSDB que estão com a mão na massa reagiram com ceticismo total às suas tertúlias sociológicas.

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