quarta-feira, 27 de abril de 2011



Manoel Braña


Acabou o sofrimento.


Manoel Braña, comerciante, 59, já não está mais entre nós.


Nos últimos 15, 20 anos, eu e Diana, talvez, tenhamos sido os parentes mais próximos dele. Estávamos praticamente toda semana em Sena e só ficávamos na dele e da Maria ou no Hotel, bem encastoado no centro da cidade.


1970, junho....Manaus, Amazonas.


O jovem Manoel Braña, na frente do tradicional Clube Rio Negro, foi mordido no calcanhar por um cachorro durante a comemoração da conquista do Brasil no México. Era o tempo de Pelé.


Estou falando isso porque parece – especialmente em Sena - que o Manoel nunca foi um jovem, nunca se divertiu. Pelo contrário.


Em Manaus, onde nasceu, foi também dono de loja de tecidos e de uma Bomboniere, época em que conheceu Maria, que também morava no centro da capital amazonense.
 

Manoel gostava do Fluminense, mas não se interessava por futebol....Seu hobby era música...Adorava The Beatles. Tinha a coleção dos meninos de Liverpool. Ouvia sempre.


Muitos em Sena podem estranhar os gostos do Manoel pela música, pois o que ressaltava era o seu jeito ranzinza de ser. Foi esse seu jeito que ficou conhecido na cidade.


A vida toda me dei bem com ele porque nunca liguei para o seu jeito...Quando começava a falar muito, a repetir as coisas em demasia - eu saía e voltava duas horas depois. Ele me ouvia e eu o entendia. O compreendia. Manoel sempre me tratou como um irmão, praticamente.


Há alguns anos fizemos uma aventura  pela estrada e fomos até o Rio de Janeiro. Ele dormia metade do dia e eu, para acordá-lo, balançava o veículo nas retas para perturbar o seu sono... Me divertia.


Ficamos num hotel razoável no Rio, e ele falava:


-Quando chegar em Sena vou por um paletó no Auri (seu fiel escudeiro no Hotel) para receber os hóspedes - brincava.


Manoel tinha uma personalidade singular. Explodia de raiva num momento e já no outro era capaz de chorar de emoção. Vivemos muitos momentos bons em sua casa em Sena.


Sena perde um homem honrado, honesto e que viveu a maior parte de sua vida para o trabalho.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Manoel Braña se foi


Faleceu no final desta tarde de terça, 26, o comerciante Manoel Braña que, por mais de 35 anos trabalhou em Sena Madureira.


Mas tarde vou por aqui algumas linhas sobre o meu primo Manoel Braña...


Que, para mim, foi mais que um primo.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Foi demais!!!


A noite de quinta-feira foi especial...


Primeiro...comecei no hospital com crise aguda de gastrite...


Já em casa, vivi a épica vitória do FLU na Argentina contra o Argentinos JRs ( 4 x 2)...


Foi a melhor quinta de 2011...


Até agora...

segunda-feira, 18 de abril de 2011

O que Sena espera do governo?


Tião Viana e seus secretários vão visitar Sena Madureira...O Principado (termo meu usado para destacar o descaso com que a cidade tem sido tratada nas últimas décadas pelos governos que passaram pelo Palácio Rio Branco)


No que diz respeito ao povo muita esperança e disposição em mudar...


A cidade de Sena deu maioria de votos ao governador Tião e agora quer a retribuição com medidas e ações que recoloquem o município no rumo do desenvolvimento.


Na cidade, Tião Viana vai encontrar...


Sérias dificuldades.


Uma prefeitura sem recursos para investimentos nos próximos meses e talvez até nos próximos anos. Além disso, a máquina municipal está sucateada – e superada -  e requer um urgente plano de modernização do seu funcionamento.


Os índios. Uma calamidade. Famílias inteiras de indígenas perambulando pelas ruas sem assistência alguma. O poder público não pode fechar os olhos! Que tal uma Aldeia Urbana no próprio município? Com escola, assistência médica, espaço para cultuar seus valores e apoio para convivência na cidade....Nunca o desprezo!


Infraestrutura urbana. Com 35.500 hab (senso IBGE 2010) a cidade carece de tudo. Não tem rede de esgoto, não há ruas decentemente pavimentadas, e muito menos calçadas de pedestres, que são obrigados a andar ainda pelo meio das vias.


Bairros. A maioria é formada por jovens que vivem a esmo sem uma ocupação. A carência de empregos em Sena é um dos tormentos da cidade. A violência aumenta a cada dia e o presídio aumenta o número de presos a toda hora. Aliás, o presídio é imponente e é o primeiro cartão de entrada de Sena. O visual é um horror!


Produção. O símbolo da produção agrícola do município não é exemplo para ninguém. Na Feira da cidade a sujeira toma de conta, o que afasta a clientela. Não há gestão, muito menos zelo com o local de exposição de alimentos e comidas. Uma lástima. Isso sem falar nos ramais e na logística de apoio ao escoamento da produção. Não é raro faltar macaxeira e banana na cidade, acreditem!


Educação. Sena precisa investir nos modelos de escola em tempo integral. O  prédio onde funciona o Colégio Santa Juliana, que já foi símbolo de elegância e formou várias autoridades do Acre -  está em precárias condições físicas. Salvam-se os esforços de gestores e professores.


Saúde. Sena Madureira (Santa Rosa, Manoel Urbano e Boca do Acre dependem do Hospital João Câncio)) precisa ser melhor atendida. Por que o município não pode sonhar com um hospital com mais médicos (hoje são 04 apenas) e até com uma UTI num futuro não muito distante? Isso mesmo! Por que Sena não pode ter uma Unidade de Terapia Intensiva?


Esportes. Não existe uma política de Esporte para a juventude. Algumas iniciativas isoladas acontecem, mas não resolvem porque não há seqüência. A imagem do fantasma do Estádio de Futebol, na entrada da cidade, jogada às traças, fala por si. Sena nem sabe que existe um Campeonato Estadual de Futebol.


Cultura. O pior problema de Sena é o ócio. O ócio improdutivo. Não há política de cultura. Nem do município nem do Estado. Em Sena os finais de semana são aproveitados em bares por boa parte dos jovens. Não há bibliotecas, livrarias, cinemas, teatro...nada. Sem Cultura Sena não terá a menor chance de sair do atoleiro.


Os mortos. Em Sena, o Cemitério oficial do município é um convite ao desrespeito. Total falta de cuidado com os que ajudaram a construir a cidade. Nem a limpeza básica é feita no Campo Santo de Sena.


Comércio. Os empresários são uns heróis, pois conseguem sobreviver numa economia em bancarrota. O poder público não se comunica com o empresariado. A principal avenida do comércio (Padre Egidio) está se acabando. É preciso revitalizá-la. Torná-la bonita para elevar a autoestima do comércio e da cidade.


Madeira. Nenhum município é tão bem servido com a espécie do que Sena. Que tal investimentos no setor com treinamento em mão-de-obra para construção de móveis e afins? Convênios com a Itália é possível...!


Por fim, acredito que o governador dedicará algum tempo seu para pensar as saídas para o Principado de Sena, que está fora da agenda (política, econômica e cultural) do Estado faz uma longa data.


A fé move montanha. E se a população tiver consciência de sua força....

sexta-feira, 15 de abril de 2011


Na casa da mãe


Hoje, dia 15 de abril, eu o meu filho João Lucas fazemos aniversário...


E vamos comemorar na casa da D. Raimunda...


O bolo tem as cores do Campeão, o FLU.


É bom demais!!!!!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Os dois defeitos de FHC: povo e nação


Por Luiz Nassif


Para quem se pretende líder político ou referência de país, FHC tem dois problemas básicos: não gosta nem de povo nem do país.


Não se trata de mera afirmação retórica.


Uma das características marcantes dos grandes Estadistas é a de identificar o interesse nacional no seu discurso, passar essa impressão ao grande público, seja defendendo teses neoliberais ou bandeiras sociais.


Em relação a povo e Nação FHC é de uma insensibilidade que não vi em nenhum outro governante brasileiro. Acompanhei seu início, a volta do exílio, a ansiedade em ser aceito pela elite econômica paulista. Não perdeu esse vezo nem depois de se transformar no porta-voz exclusivo do empresariado mais superficial.


Os militares não demonstravam nenhuma sensibilidade social, mas defendiam bandeiras de país. A muitos populistas faltavam projetos de país, mas empunhavam bandeiras sociais.


FHC FHC é a geleira, o frígido para temas nacionais e sociais. E é um tolo ao levantar discussões públicas dessa maneira, nas quais prevalece apenas o sentimento de tomada de poder: o que devemos fazer com o povo para reconquistar o poder. Caraca! Esse tipo de elucubração se faz a portas fechadas, em locais reservados, onde pode prevalecer o discurso da realpolitik, as estratégias de tomadas de poder, os acertos com grupos influentes.


No discurso público o que vale é a retórica do interesse público – mesmo que ele próprio não acredite nisso. O que vale é o lema que conquiste públicos amplos, o discurso da salvação nacional, da construção do futuro, as palavras de ordem que são facilmente assimiladas pelos discursos do governador, do prefeito, do vereador, homogeneizando a fala e ajudando a construir na prática o caminho político.


Mas FHC é pretensioso demais, vaidoso demais para entender essas nuances do discurso público, no qual o simples é o sofisticado, superficial demais para prever o futuro e prolixo demais para sintetizar as bandeiras.


Prefere assimilar ideias de terceiros, revesti-las com um linguajar sociológico oco e ocupar páginas de jornais que se desacostumaram com discussões mais aprofundadas. Jornais, aliás, que ajudaram a consolidar essa visão insuportavelmente elitista que matou todas as bandeiras sociais do velho PSDB.


Não é à toa que os políticos do PSDB que estão com a mão na massa reagiram com ceticismo total às suas tertúlias sociológicas.

domingo, 10 de abril de 2011



Durval D'ávila


Nos tempos em que era difícl ser oposição no Acre e no Brasil, lá estava ele empunhando a bandeira do PMDB, em Sena Madureira.


Durval hoje passa o tempo na sua oficina de eletroeletrônico, mas a maior parte da vida foi fotógrafo no município, que tinham dois somente: ele e 'Seo' Edson.


Enfrentando problemas de saúde, Durval D'ávila não se deixa abater e segue em frente...


Como todo tenaz lutador que não se entrega...


Foi uma alegria encontrá-lo, seu Durval.

terça-feira, 5 de abril de 2011



O homem-relógio


René Descartes, filósofo francês, e Isac Newton, o famoso físico inglês, concebiam o mundo como um relógio.


Gilmar Guedes, policial civil do Principado de Sena, foi além...


Para ele, o mundo - e sua casa - depende do tic tac de vários relógios.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

A neurótica segurança presidencial norteamericana


Por Leonardo Boff


Muitos de nós na América Latina sob as ditaduras militares temos conhecido o que significou a ideologia de segurança nacional.

A segurança do Estado era o valor primeiro. Na verdade, tratava-se da segurança do capital para que este continuasse com seus negócios e com sua lógica de acumulação, mais do que propriamente da segurança do Estado.

Esta ideologia, no fundo, partia do pressuposto de que todo cidadão é um subversivo real ou potencial. Por isso, devia ser vigiado e eventualmente preso, interrogado e se resistisse, torturado, às vezes até a morte. Destarte, romperam-se os laços de confiança sem os quais a sociedade perde seu sentido. Vivia-se sob um pesado manto de desconfiança e de medo.

Digo tudo isso a propósito do aparato de segurança que cercou a visita do Presidente dos Estados Unidos Barack Obama ao Brasil

Ai funcionou em pleno a ideologia da segurança, não mais nacional, mas presidencial. Não se teve confiança na capacidade dos órgãos brasileiros de garantir a segurança do Presidente. Acompanhou-o todo o aparato norte-americano de segurança. Vieram imensos helicópteros de tamanho tão monstruoso que havia escassos lugares onde pudessem aterrissar. Lemusines blindadas, soldados revestidos com tantos aparatos tecnológicos que mais pareciam máquinas de matar que pessoas humanas. Atiradores especiais colocados nos telhados e em lugares estratégicos junto com o pessoal da inteligência. Cada canto por onde passaria a “corte imperial”, as ruas próximas, casas e lojas foram vigiadas e vistoriadas.

Foi cancelada, por razões de segurança, o discurso previsto ao público, no centro do Rio, na Cinelândia. Os que foram convidados a ouvir seu discurso no Theatro Nacional tiveram que passar por minuciosa revista prévia.

O que revela semelhante cenário? Que estamos num mundo doente e desumano.

Outrora tinha-se medo de forças da natureza às quais estávamos entregues sem qualquer defesa, ou de demônios ameaçadores ou de deuses vingativos.

Hoje temos medo de nós mesmos, das armas de destruição em massa, das guerras de grandíssima devastação que alguns paises centrais conduzem. Temos medo de assaltos na rua. Temos medo de subir os morros, onde vivem comunidades pobres. Temos medo até de crianças de rua que nos podem ameaçar. De que não temos medo?

Já os clássicos ensinavam que as leis, a organização do Estado e a ordem pública existem fundamentalmente para nos libertar do medo e podermos conviver pacificamente.

Formalizando o pensamento podemos, em primeiro lugar, dizer que o medo pertence à nossa existência. Há quatro medos fundamentais: o medo que nos tirem a individualidade e nos façam dependentes ou um mero número; o medo de que sejamos cortados das relações e sejamos castigados à solidão e ao isolamento; o medo diante de mudanças que podem afetar a profissão, a saúde e, no limite, a própria vida; o medo diante de realidades inevitáveis e definitivas como a morte.

A forma como enfrentamos esses medos existenciais marcam nosso processo de individuação. Se o fazemos com coragem, superando dificuldades, crescemos. Se fugimos e somos omissos acabamos enfraquecidos e até envergonhados.

Apesar de toda nossa ciência que nos cria a ilusão de onipotência, voltamos a ter medo da Terra e de suas forças. Quem controla o choque das placas tectônicas? Quem detém um terremoto e freia um tsunami? Somos nada face a tais energias incontroláveis, agravadas pelo aquecimento global.

O medo pertence, pois, à nossa condição humana. Ele se transforma em patologia e neurose quando se busca evitá-lo de tal forma que transtorna toda uma realidade social e faz do espaço uma espécie de campo de guerra, como foi montado pelas forças de segurança norteamericanas. Se um Presidente visita um pais e seu povo, deve tomar em conta riscos que pertencem à vida. Caso contrário, as autoridades de ambos os lados melhor fariam encontrar-se num navio em alto mar, a salvo de medos e riscos.

As estratégias de segurança apenas revelam em que mundo vivemos: o ser humano tem medo de outro ser humano. Todos somos reféns do medo e por isso, sem liberdade e sem alegria de viver e de receber um visitante.

[publicado originalmente em oglobo]



Leonardo Boff escreveu com Rose Marie Muraro o livro “Feminino&Masculino”, Record 2010

domingo, 3 de abril de 2011


Palmas....


85 anos

Pe. Paolino Baldassari completou nesse sábado 85 anos de vida.

Falei com ele:

-Tá tendo festa?

-Não. (Paolino ganhou um bolo do empresário Duduca. Ele adora pão, biscoito, bolo e macaco guariba).

-Quantos anos o senhor tá fazendo?

-8.500 anos....(rindo)...Não....85 anos.

Ao padre mais comprometido com os pobres que conheço desde que nasci desejo pelo menos mais 85 anos de vida com saúde para esse guerreiro que nasceu na Itália, mas que adotou e foi adotado por Sena Madureira.

Vida longa, velho padre!!!

O senhor ainda tem muito o que fazer por esse povo do Iaco, Caeté e Macauã.

sábado, 2 de abril de 2011

Pingo d'água...


Mas é uma boa notícia nesse oceano de incertezas e espetaculares prejuízos contabilizados pelo Principado de Sena.

Uma gota que vale...aqui