domingo, 29 de janeiro de 2012

 A Cuba que Dilma visita

Por Emir Sader - professor
Carta Maior

Assim que Fidel e seus companheiros tomaram o poder e o governo dos EUA acentuou suas articulações para tratar de derrubar o novo poder, a grande burguesia cubana e uma parte da classe média alta foram se refugiar em Miami. Bastava esperar que mais um governo rebelde capitulasse diante das pressões norte-americanas ou fosse irremediavelmente derrubado. Afinal, nenhum governo latinoamericano rebelde tinha conseguido sobreviver. Poucos anos antes Getulio Vargas tinha se suicidado e Peron tinha abandonado o governo. Os dois governos da Guatemala que tinham ousado colocar em prática uma reforma agrária contra a United Fruis – hoje reciclada no nome para Chiquita -, sofreram um violento golpe militar.

Como um governo cubano rebelde, em plena guerra fria, a 110 quilômetros do império, conseguiria sobreviver? Cuba era o modelo do “pátio traseiro” dos EUA. Era ali que a burguesia cubana passava suas férias como se estivesse numa colônia sua. Era ali que os filmes de Hollywood encontravam os cenários para os seus melosos filmes sentimentais. Era ali que um aristocrata cubano tinha importado Esther Williams para inaugurar sua casa no centro de Havana, mergulhando numa piscina cheia de champanhe. Era em Cuba que os milionários norteamericanos desembarcavam com seus iates diretamente aos hotéis com cassinos ou às suas casas, sem sequer passar pelas alfândegas. Era ali que os marinheiros norteamericanos se embebedavam e ofendiam os cubanos de todas as formas possíveis. Era para Cuba que a Pan American inaugurou seus vôos internacionais. Era ali que as construtoras de carros norte-americanas testavam seus novos modelos, um ano antes de produzi-los nos EUA. Foi em Cuba que a máfia internacional fez seu congresso mundial no fim da segunda guerra, para repartir os seus mercados internacionais, evento para o qual contrataram o jovem cantor Frank Sinatra para animar suas festas. Em suma, Cuba era um protetorado norteamericano.

Os que abandonaram o país deixaram suas casas intactas, fecharam as portas, pegaram o dinheiro que ainda tinham guardado e foram esperar em Miami que o novo governo fosse derrubado e pudessem retomar normalmente sua vida num país de que se consideravam donos, associados aos gringos.

Há um bairro em Miami que se chama Little Havana, onde os nostálgicos ficam olhando para o sul, cada vez menos esperançosos de que possam retornar a uma ilha que já não podem reconhecer, pelas transformações radicais que sofreu. Participaram das tentativas de derrubada do regime, a mais conhecida delas a invasão na Baía dos Porcos, que durou 72 horas, mesmo se pilotada e protagonizada pelos EUA – presidido por John Kennedy naquele momento. Os EUA tiveram que mandar alimentos para crianças para conseguir recuperar os presos da invasão, numa troca humanitária.

Cuba mudou seu destino com a revolução, conseguiu ter os melhores índices sociais do continente, mesmo como país pequeno, pobre, ao lado dos EUA, que mantem o mais longo bloqueio da história – há mais de 50 anos -, tentando esmagar a Ilha.

Durante um tempo Cuba pode apoiar-se na integração ao planejamento conjunto dos países socialistas, dirigida pela URSS, que lhe propiciava petróleo e armamento, além de mercados para seus produtos de exportação. O fim da URSS e do campo socialista aparecia, para alguns, como o fim de Cuba. Depois da queda sucessiva dos países do leste europeu, a imprensa ocidental se deslocou para Cuba, instalou-se em Havana Livre, ficaram tomando mojitos e daiquiris, esperando para testemunhar a ansiada queda do regime cubano. (Entre eles estava Pedro Bial e a equipe da Globo.)

Passaram-se 23 anos e o regime cubano está de pé. Desde 1959, 10 presidentes já passaram pela Casa Branca e tiveram que conviver com a Revolução Cubana – de que todos eles previram o fim.

Cuba teve que se reciclar para sobreviver sem poder participar do planejamento coletivo dos países socialistas. Cuba teve que fazer um imenso esforço, sem cortar os direitos sociais do seu povo, sem fechar camas de hospitais, nem salas de aulas, ao invés da URSS de Gorbachev, que introduziu pacotes de ajuste e terminou acelerando o fim do regime soviético.

É essa Cuba que a Dilma vai encontrar. Em pleno processo de reciclagem de uma economia que necessita adaptar suas necessidades às condições do mundo contemporâneo. Em que Cuba intensificou seu comércio com a Venezuela, a Bolívia, o Equador – através da Alba -, assim como com a China, o Brasil, entre outros. Mas que necessita dar um novo salto econômico, para o que necessita de mais investimentos.

Necessita também aumentar sua produtividade, para o que requer incentivar o trabalho, de acordo com as formulações de Marx na Critica do Programa de Gotha, de que o principio do socialismo é o de que “a cada um conforme o seu trabalho”, afim de gerar as condições do comunismo, em que a fartura permitira atender “a cada um conforme suas necessidades”.

Cuba busca seus novos caminhos, sem renunciar a seu profundo compromisso com os direitos sociais para toda a população, a soberania nacional e a solidariedade internacional. Cuba segue desenvolvendo suas políticas solidárias, que permitiram o fim do analfabetismo na Venezuela e na Bolívia e o avanço decisivo nessa direção em países como o Equador e a Nicarágua.

Cuba mantem sempre, há mais de dez anos, a Escola Latinoamericana de Medicina, que já formou na melhor medicina social do mundo, de forma gratuita, a milhares de jovens originários de comunidades carentes todo o continente – incluídos os EUA. Cuba promove a Operação Milagre, que ja’ permitiu que mais de 3 mil latino-americanos pudessem recuperar plenamente sua visão.

Cuba é um sociedade humanista, que privilegia o atendimento das necessidades dos seus cidadãos e dos de todos os outros países necessitados do mundo. Que busca combinar os mecanismos de planejamento centralizado com incentivos a iniciativas individuais e a atração de investimentos, na busca de um novo modelo de crescimento, que preserve os direitos adquiridos pela Revolução e permite um novo ciclo de expansão econômica.

Aqueles que se preocupam com o sistema politico interno de Cuba, tem que olhar não para Havana, mas para Washington. Ninguém pode pedir a Cuba relaxar seus mecanismos de segurança interna, sendo vítima do bloqueio e das agressões da mais violenta potência imperial da história da humanidade. A pressão tem que se voltar e se concentrar sobre o governo dos EUA, para o fim do bloqueio, a retirada da base naval de Guantanamo do território cubano e a normalização da relação entre os dois países.

É essa Cuba que a Dilma vai se encontrar, intensificando e ampliando os laços de amizade e os intercâmbios econômicos com Cuba. Não por acaso o Brasil só restabeleceu relações com Cuba depois que a ditadura terminou, intensificando essas relações no governo Lula e dando continuidade a essa política com o governo Dilma.
Na roda...

Foi um sábado levando dribles....

Vamos ver o que o domingo reserva....

Qualquer coisa tem a segunda....

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Olá...

Estou de volta, mas ainda com alguns dias sob o tacão bom do art 130 da CLT.

Mas em casa, já...

E revendo coisas boas...e pessoas conhecidas também...revivendo alguns momentos também com pessoas especiais etc etc etc......

E 2012 ainda nem começou....

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Tudo bem

Nos últimos dois dias - segunda e terça - nada de problemas com a polícia peruana e sua prática nada republicana.

Que continue assim.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Sempre ela...

Já visitei o Peru tantas vezes que nem sei quantas foram. E vou continuar.

Não canso de indicar a amigos que façam o mesmo, pois o povo é maravilhoso, tem história, comida exquisita (boa) e é o país mais lindo que conheço (conheço uns 10, inclusive do Velho Mundo, e não se comparam com este Peru).

Mas esta pátria que está hoje sob um governo de esquerda precisa resolver um problema histórico: a corrupção na polícia.

Ainda estou no Norte do país. Estou sob a égide do Art 130 da CLT (lembram?)

Fui à fronteira com o Equador e voltando, pela Panamericana Norte, fui extorquido em U$ 250 (dólares).

Na ida fui parado várias vezes para checagem de documentos/habilitação e advertido uma por andar com farois apagados (aqui a Lei exige que o veículo esteja sempre com farol ligado nas rodovias).

Hoje (ontem, domingo), no entanto, foi o meu dia de vítima real dos policiais da Polícia Nacional.

Primeira barreira antes da cidade de Trujillo, capital do Departamento de Libertad.

Trujillo tem quase 800 mil habitantes...E uma estrutura comercial que Rio Branco vai suar muito ainda para chegar perto.

O guarda me pára.

-Você fez uma manobra na rotatória irregular...

Eu: Não havia sinalização adequada, mas tudo bem...Qual é o procedimento? (pelo menos uns três motoristas atrás de mim fizeram a mesma manobra que eu. Foram parados e liberados)

-Você e seu amigo (meu cunhado) desrespeitaram o artigo tal e a multa é de 483 soles para cada coche...Vocês terão que pagar amanhã (segunda) na municipalidade..(disse isso e saiu andando para próximo do colega de farda que estava na viatura. No trajeto, parou, virou-se e chamou-me. Saí do veiculo e fui até eles...Já imaginando o que eles queriam)

O segundo guarda: É. A multa terá que ser paga.

Eu: Não posso esperar até amanhã...minha mãe de 73 anos e minha filha estão comigo no carro....E não vou pagar esse valor..

-Você paga U$ 200 (dólares) para mim.

Depois de um tempo....Cedi à (extorsão) e o guarda que estava na viatura mal conseguia pegar as duas notas de U$ 100 novinhas tal era a felicidade...

Segui viagem...Antes de entrar em Trujillo, meia hora depois, outra viatura me pára.

Minha mãe desconfia e mata a charada: 'Os guardas anteriores ligaram para esses aqui da frente para avisar que você havia pago).

É verdade...Esses ficam sempre com um celuar ao ouvido...Seria combinando que carros vão atacar?

O novo guarda foi mais autêntico e re-inventou o tal seguro internacional...(é o principal argumento, quando não tem nada para comprometer o motorista)

-Você é obrigado a ter um seguro aqui no Peru...

Em seguida, o mesmo modo operandis:

O guarda se afasta do meu carro, vira-se e me chama: 'tem que me dar 150 soles'

Paguei novamente (fui extorquido, roubado, vilipendiado por policiais corruptos até os últimos fios de cabelo)

Eu digo a eles: Se vocês continuarem assim não conseguirei chegar ao Brasil...meus poucos recursos economizados vão acabar...Vocês vão continuar telefonando para a próxima viatura na estrada?

O silêncio deles foi a resposta que esperava.

Estou a caminho de Lima...Irei até à Embaixada do Brasil entregar um documento/denúncia (mesmo que seja para o vigia do prédio) contra essa violência policial nas estradas à minha pessoa. E entregarei uma reclamação/denúncia no Consulado peruano do Acre...E pedirei a devolução do meu dinheiro, que foi ganho sem roubar de ninguém.

Já me irritei muito por hoje aqui com os policiais peruanos...

Mesmo assim continuo achando que visitar o Peru é uma excelente opção de lazer e cultural para nós que vivemos no Acre.

Em tempo: a polícia peruana é a instituição mais odiada do país. E quem diz isso são os próprios peruanos, que a classificam como 'Rateros....'


Em tempo 2: nesta segunda - e daqui para frente -  toda vez que me pararem vou pedir à minha filha para filmar a conversa - e a extorsão - sem que eles vejam. Vou mostrar no You Tube como eles agem com os motoristas nas estradas.


Em tempo 3: se eu não aparecer nos próximos dias aqui pela internet...os meus amigos e família terão ideia (depois de ler esse relato) de onde poderão me encontrar.

Em tempo 4: não fiquem revoltados com Peru, o país. No Brasil, a corrupção em algumas instituições públicas está no mesmo nível, mas é dissimulada. Propina é uma instituição, infelizmente, do Continente.

Viva a América Latina!



Boa noite!
!Buenas Noches!

sábado, 14 de janeiro de 2012

Isabele 'Slater'

Se cuida campeão mundial de Surf, que a Isabele, minha filha de 15 anos - vai desbancar você do trono.

A bela praia é no Norte do Peru, fronteira com Equador, na cidadezinha de Mancora.

Água quente e sol o dia inteiro o ano todo.

E não é o Nordeste do Brasil.

[Veja a Isabele aprendendo no vídeo abaixo dessas fotos.]

Ah, o vídeo e as fotos são do assumido pai coruja, com uma maquininha/celular/filmadora Android.








Mais vídeos da Isabele aprendendo a se equilibrar numa prancha aqui

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O que se ouve em Lima

Aqui no Peru, especialmente nas ruas de Lima e Mira Flores - o Brasil está na ordem do dia.

Um ano do governo Ollanta Humala e as opiniões, no geral - são boas e pró-governo.

Os contrários dizem que o governo daqui 'só analisa...passa o tempo analisando...acorda, passa o dia, anoitece e vai dormir analisando...'

Não é comentário de políticos...é o que falam taxistas, peluqueros, porteiros de prédio, concierjes de hotéis, etc...

Mas o assunto mais comentado atualmente por aqui é o marqueteiro brasileiro contratado para ajudar Ollanta a vencer a eleição presidencial e administrar o país...João Santana, que fez a campanha de Dilma, tá na boca dos peruanos.

As pessoas de Lima dão a Joao (como eles pronunciam) Santana a responsabilidade pela vitória de Ollanta.

-Quando o assessor brasileiro foi contratado Ollanta não estava à frente das encuestas (pesquisas) - diz um peruano...Foi só chegar e orientar Ollanta que ele subiu e venceu as eleições - acrescenta.

O problema, no entanto, que imcomoda os limeños é o custo do 'Assessor de Imagens' (como eles denominam marqueteiro). Eles não engolem um estrangeiro nesse posto.

O governo diz que quem paga o marqueteiro brasileiro é o partido de Ollanta. A população não acredita.

-Partido não tem recurso. Quem paga é o governo com o nosso dinheiro - me diz um taxista esclarecido.

-E ele não ganha 5 mil dólares.. Deve receber milhões - imagina o trabalhador peruano.

O certo é que o governo está bem avaliado (embora tenha sido alvo de protesto esta semana do Estado de Cajamarca por reivindicações sobre a mineraria (Cajamarca, no Norte do país, tem a segunda maior mina do mundo). Há uma campanha no Peru contra a contaminação dos rios devido à exploração de minério. É um problema histórico deste país.

Mas o povo quer mesmo saber quanto ganha o 'assessor de imagens brasilero de Ollanta'.

Nunca vão saber.

Em família

Prerrogativas do 130.

No Peru.

Ainda com as bençãos desse Art da Consolidação das Leis do Trabalho...

Antes que acabe.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Isabele de Triciclo

É o táxi em Puerto Maldonado, no Peru.

Estou sob os efeitos do Art. 130 da CLT.

Tenho que aproveitar.

Antes que acabem com esse importante Art. da CLT, de Getúlio.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012


Two legend

O Gordo e o Magro, de Sena.

A José e Bebé Chorão disputam até a marca da cerveja.

Duas lendas.

E faltou a terceira....: Zezinho Ribeiro.

Que, ocupado, atendia a clientela do seu Pub no centro do Principado.

domingo, 1 de janeiro de 2012


Banquete da virada

Olha a nossa turma na Virada do Ano no Principado.

Foi no banquete do Chico Preto.

Bem no centro nervoso da cidade.

Chico Preto (de camisa branca) é o contador que abriu as primeiras contas do Principado por solicitação de Siqueira de Menezes,  o fundador da cidade, há mais de século.
Fim de ano

A última vez que virei um ano na rua foi em 2010, numa cidade histórica e maravilhosa, que fica muito longe do Principado de Sena.

Lá todos diziam AUGURI! para saldar o Novo Ano.

Nesta noite/madrugada vivi a mesma emoção aqui em Sena.

Tudo muito simples, mas o povo na rua fez a diferença.

Aliás, é sempre o povo que faz a diferença.

Viva 2012!!

Agora são 3h30min de domingo.