Lembranças da minha vó
11\1
Minha vó Diamantina ensinou-me a gostar de ouvir rádio. Na madrugada deste dia 11 sintonizei, em pleno Rio Solimões, a Rio-Mar, de Manaus, talvez a mais tradicional emissora AM do Norte nas décadas de 60 e 70.
Quando morava em Sena passava os finais de semana na casa do vó Diamantina, mãe do meu pai Almir. Ela tinha um rádio daqueles grandes e, logo cedo, sintoniza a emissora amazonense de maior sucesso nas décadas citadas.
Quando os galos ainda nem tinham começado a cantar neste dia 11 lembrei da vó Diamantina. Estava no meio do Solimões. Foi uma boa lembrança daquela que decidiu que eu me chamaria João Roberto.
Vó Diamantina foi lavadeira a vida toda e na sua casa nunca teve energia elétrica. O fogão era à lenha e a água a gente pegava no pote, em copos de lata de leite condensado super limpos.
Quando apareceu a televisão no Acre, o programa que ela mais gostava era o do Sílvio Santos, aos domingos.
Coari, a Petrobrás, e o ‘espoca-bode’
Hoje passamos pela cidade de Coari, mas antes vimos o terminal da Petrobrás, que paga pelo uso do subsolo municipal pelo menos R$ 50 milhões ao ano. Mas, dizem, que o prefeito local, não cuida bem dos recursos dos ‘coarienses.’ [Não tenho certeza se é coariense o nativo da cidade].
Na hora de atracar, o inusitado: o bico da nave-mãe dá no meio da traseira de um veículo estacionado em cima de uma balsa. Sorte que só quebrou o vidro e tudo foi resolvido pelo embaixador da paz, Jair Santos.
Um gaiato que estava no porto, gritou logo: ‘além de ‘espoca-bode’* agora são também espoca-carros’.
Já em terra, claro, fui direto para a primeira Lan house que encontrei. Eu e um monte. Todos sedentos de comunicação com o mundo maluco.
Deu para postar algumas notícias da viagem, mesmo com a internet lenta.
[PS: Espoca-bode é que como são chamados os cruzeirenses [acreanos, agora também] no Amazonas. Tudo surgiu porque um bode, no porto de Manaus, encheu o bucho de farinha do Juruá e depois se danou a tomar água. Inchou tanto que ‘Espocou!.’ Literalmente.]
Foz do Purus
Meu lobby não funcionou para que passássemos durante o dia pela foz do Rio Purus. Precisávamos ter parado a viagem na cidade de Codajás.
Chegamos à foz do Purus quando passava da 1h da manhã, já do dia 12.
Para mim foi uma emoção diferente. A minha família nasceu dentro do Purus e seus afluentes. O velho espanhol, não se sabe como, viajou da Espanha e foi morar em um dos afluentes desse que eu considero ser o principal rio do Acre.
Gravei um vídeo no escuro. Não tinha iluminação. Depois vou pôr neste blog só para mostrar a emoção do momento. O Jair Santos foi o ‘câmera’. Apenas eu, Jair, Solônidas [focava com uma lanterna no meu rosto], Beto, Zé Maria, e o timoneiro, estávamos acordados.
Mesmo na escuridão deu para ver como é majestoso quando o Purus entrega suas águas para o fantástico Solimões. É um espetáculo grande como a Amazônia.
Como eu disse no vídeo, talvez nunca mais passe por ali. Não tem problema. Eu vi a Foz do Purus e é o que importa.
Era a última madrugada a bordo da nave-mãe Igaratim-açú.
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