Que tal a marcha contra os caloteiros?
Por Altamiro Borges - Vermelho
Entre os mais descarados estão os velhos latifundiários, muitos
travestidos de modernos barões do agronegócio. Só o Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente (Ibama) já aplicou 71 mil multas, no valor de R$ 10,5
bilhões, mas recebeu apenas 0,34%. Eles exploram trabalho escravo, usam
jagunços, destroem o meio ambiente e ainda dão calote!
O relatório do TCU, que não ganhou qualquer destaque no Jornal
Nacional da ética TV Globo, também inclui bancos, faculdades privadas e
operadoras de cartão de crédito, entre outras corporações empresariais.
Depois dos ruralistas, os casos mais escandalosos de multas aplicadas e
não recolhidas são as das concessionárias de serviços públicos.
Ricos não são presos no Brasil
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aplicou 17,5 mil
multas no valor de R$ 5,8 bilhões, mas recebeu apenas 4,28% do total. Já
a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) impôs 926 multas, no
montante de R$ 900 milhões, dos quais apenas 11,17% foram pagos. Além de
oferecer péssimos serviços, elas não pagam o que devem! Na maioria
multinacionais, ainda exigem redução de impostos.
Este quadro lamentável confirma que no Brasil só o ladrão de galinhas
vai preso. Os empresários multados têm prazo de cinco anos para
recorrer ao Judiciário. “Os processos são lentos e a aplicação da multa é
passível de recurso, e os casos que vão parar na Justiça podem demorar
até 10 anos”, critica o advogado Anderson Albuquerque.
A mídia udenista topa?
O uso interminável de recursos à Justiça para protelar o pagamento
das multas contrasta com os prejuízos impostos ao consumidor. No setor
elétrico, a falta de manutenção das redes ou de investimentos na
manutenção dos velhos equipamentos é uma das principais causas dos
apagões em São Paulo e da explosão de bueiros no Rio de Janeiro.
Alguns destes caloteiros até devem ter apoiado as “marchas contra a
corrupção” no 7 de setembro, ou levado seus filhinhos em carros
importados. Eles detestam a corrupção… dos outros. Odeiam o inchaço do
poder público, com seus órgãos de fiscalização que pentelham suas vidas.
Exigem menos Estado, menos fiscalização e menos impostos!
Que tal a mídia demotucana, tão empolgada com as recentes marchas,
convocar uma contra os caloteiros? Afinal, o rombo nos cofres públicos,
segundo o TCU, foi de R$ 23 bilhões. Se topar essa sugestão, a mídia
mostrará que não é oportunista, que seu moralismo não é falso. O risco é
perder os anúncios das empresas caloteiras. Será que ela topa?
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