domingo, 8 de novembro de 2009
Evo é uma chance para a Bolívia
[Publicado neste domingo, 8, em A Gazeta este texto meu sobre a Bolívia]
A Bolívia de Evo é melhor para o Brasil. Para o Acre também.
Li com interesse opinião do meu amigo Fábio Pontes [Agazeta], um jovem escriba talentoso que promete no jornalismo acreano. Fábio é um garoto ainda, mas que persegue o caminho da ética e do zelo profissional. É da nova safra de jornalistas do Acre. Safra sadia.
Seu equívoco, porém, é deixar-se emprenhar pelos ouvidos com as notícias que vem – nem sempre por fontes confiáveis – da nossa vizinha Bolívia, um país rico [riquezas naturais, culturais e arqueológicas] e com a maioria do povo pobre. Vítima de sua própria elite, que transformou essa nação na mais penalizada da América Latina.
Na década de 90 a Bolívia afundou de vez quando seu governo – e não era o de Evo - resolveu, sem meio termo, por em andamento as medidas sugeridas pelos neoliberais de plantão, FMI e os do ‘Consenso’ de Washington. FHC ajudou a comandar essa onda no Continente e o Brasil foi entregue a Lula com o ‘cheque especial’ estourado.
Pois bem, nessa mesma década a Bolívia assinou um tratado de ‘comércio livre’ com os hermanos do México e procedeu à privatização da linha aérea estatal, da companhia de telefones, das ferrovias, da companhia elétrica e da companhia petrolífera. Bem...esse filme nós conhecemos o seu final. A crise que o mundo viveu nos últimos meses foi o fechamento de toda essa política dos anos 80, 90 e começo do século XXI que desmoralizou o Capitalismo como sistema econômico. A pobreza aprofundou no país andino.
Dias atrás estive na Bolívia – La Paz e Santa Cruz. E me surpreendi com as condições da sua capital, bem melhor que Lima, capital do Peru, que vive a égide do neoliberal Alan García. A cidade mais alta do mundo tem uma marca que se vê de cara: as casas do povo, dos obreiros de El Alto, são bem melhores que as casas dos pobres de Lima. Parece pouco, mas é uma diferença.
O governo Evo é um governo que propõe mudanças na Bolívia. Mudanças que incomodam os antigos donos do país que, infelizmente, ainda controlam o país, especialmente, nas regiões fora do centro de La Paz.
A Bolívia, ao contrário dos que a criticam enfatizando suas poucas conquistas em negociações com o Brasil, precisa da nossa ajuda. A Bolívia com problemas de fome, desemprego, afeta o Brasil. Não podemos enxergar a situação dos nossos vizinhos como Arnald Jabor, que acha que Evo humilhou Lula ao bater o pé no caso do gás. A humilhação sempre foi na direção contrária. O Brasil é que humilhou seu vizinho sem o menor escrúpulo por muito tempo.
Localizando o debate mais em nossa fronteira, levanto aqui um debate nunca antes suscitado na imprensa acreana. Como disse o vice-presidente da Bolívia, Álvaro Linera, durante reunião com deputados do Acre, a região de Pando, na biqueira com o Acre, sempre foi um estado ‘marginal’.
E foi mesmo. Por muitos anos uma máfia boliviana, sob orientação dos poucos ricos do Departamento de Pando atuou livremente na faixa de fronteira. De vez em quando punha seus pés por aqui. Os anos 70, 80 e 90 foram as décadas de ‘ouro’ para o crime organizado desses grupos dominantes com larga vinculação política, registre-se. E esse assunto nunca foi pauta na imprensa do Acre. Alguns daqui se locupletaram desse submundo.
Agora, a Bolívia experimenta um novo modelo de governo. Um governo com raízes no sangue indígena. Popular. Comprometido com transformações que atendam a vida das pessoas, dos camponeses, dos trabalhadores, dos pobres. De quem sempre sofreu.
A luta de classe na Bolívia é dura e clássica. Os adversários de Evo jogam rasteiro. Não suportam estar fora do poder. Eles ainda dominam os meios de comunicação e fazem propaganda terrorista na TV. Assisti inserções nos canais de Santa Cruz e La Paz. Dia 6 de dezembro tem eleições parlamentares. Evo e o MAS precisam ganhar para a Bolívia avançar.
Seu governo, porém, tem atropelos, problemas, mas na história recente boliviana, é o que de mais justo e promissor apareceu no país vizinho. Os bolivianos têm direito a uma nação próspera, digna e independente. E com Evo a Bolívia tem uma chance.
Post Scriptum, PS: o governo Evo está autorizando a instalação de TV por assinatura mais 10 canais de rádio [tipo Sky, Net] em todas as áreas rurais, inclusive em Pando-Cobija ao preço de US$ 2 [menos de R$ 4] ao mês.
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